Pablo Scher, denunciado por envolvimento na morte de Ilza Lima Duarte, recebeu pena de 19 anos e seis meses. Defesa nega, e afirma que recorrerá. Casal apontado como mandante do crime ainda será julgado.
Pablo Miguel Scher foi condenado a 19 anos e seis meses na noite desta sexta-feira (7) no julgamento popular pelo assassinato da idosa Ilza Lima Duarte, de 77 anos. O crime aconteceu em 2008 na residência da vítima, no Centro de Porto Alegre, e o júri foi realizado desde quinta-feira (6), no Foro Central da Capital, durando cerca de 24 horas no total.
Ele foi sentenciado cumprir a pena em regime fechado pelo homicídio qualificado, e poderá recorrer em liberdade. O crime de fraude processual, pelo qual havia sido denunciado, prescreveu.
Outros dois réus pelo crime, Paulo Giovani Lemos da Silva e Andreia da Rosa foram absolvidos.
Paulo Dariva, advogado de Andreia da Rosa
O advogado de Pablo, Rafael Soto, diz que a defesa mantém sua convicção a respeito da inocência do réu. “Respeitamos a decisão, mas é incompatível com os elementos constantes no processo”, afirmou, ao G1. Ele ingressará com recurso alegando que não está provado que Pablo esteve no local do crime.
O crime
Conforme a promotoria de Justiça do Tribunal do Júri, Ilza foi morta por estrangulamento. Após o crime, os acusados simularam que a idosa morreu naturalmente, enquanto tomava o café da manhã na cama, em seu apartamento no Centro de Porto Alegre.
Inicialmente, a morte de Ilza foi registrada pela polícia como natural. Entretanto, um grupo de amigas da idosa teve acesso ao laudo da necropsia, que apontou “morte violenta”, e pressionou a polícia para que o caso fosse investigado.
Ilza havia deixado em testamento cinco imóveis a um casal de vizinhos, Maria Fernanda Correa Homrich e Roberto Petry Homrich. Eles também são acusados e deverão ir a júri, mas dependem do julgamento de um recurso ajuizado no Superior Tribunal Federal (STF).
O casal teria oferecido dinheiro para que Pablo Miguel, auxiliar de serviços gerais, e Paulo, que era porteiro do prédio em que a idosa morava, matassem Ilza. Para Andreia, esposa de Pablo Miguel, Maria Fernanda prometeu pagar a faculdade.
De acordo com a denúncia do Ministério Público do Rio Grande do Sul, entre os dias 14 e 15 de fevereiro de 2008, os dois homens entraram no apartamento da vítima e a renderam. Eles tinham as chaves do apartamento dela.
Durante a investigação, Pablo Miguel confessou ser um dos autores dos crimes e revelou a participação de cada um dos réus no assassinato. Segundo certidão que consta na denúncia do MP, ele afirmou que sua esposa, Andreia, foi quem lavou as roupas da vítima, que estavam sujas de sangue. Foi ela também quem limpou o apartamento após o crime.
Os acusados modificaram a cena do crime, simulando que ela estivesse tomando café na cama. Eles colocaram um pedaço de pão em sua mão e o café ao lado, como ela fazia habitualmente. Maria Fernanda e Roberto teriam determinado a alteração, já que conheciam os hábitos da idosa.
Interrogatórios
No primeiro dia, os três réus foram interrogados. Primeira a falar, Andreia chorou ao negar ter participado do crime. “Eu quis ter três filhos, planejei e acho que a gente não tem direito de tirar a vida de ninguém. Eu nunca tiraria a vida da Dona Ilza. Ela é uma pessoa boa. Eu vi meus sonhos irem embora”, disse.
Ela relatou que desde 2006 fazia faxina no apartamento de Maria Fernanda, e que raramente trabalhava também na residência da vítima – o que, segundo ela, não ocorreu no dia do crime.
Pouco antes do casal encontrar a vítima morta, contou Andreia, Pablo bateu à porta chamando pela idosa. “Quando ele entrou, vim atrás e a vi deitada na cama.”
Pablo foi o segundo réu a depor. “Só sei o que vi. Entrei no apartamento porque tentei falar com ela e não consegui. Então fui pegar a cópia da chave da mãe da Dona Fernanda”, afirmou.
Questionado sobre as evidências de que Ilza sofreu lesões, disse que apenas a encontrou morta. “A única coisa estranha foi que o jornal estava na porta”, acrescentou.
O réu afirmou ter sido ameaçado após ser preso suspeito do crime. “Eu estava preso no [Presídio] Central [antigo nome da Cadeia Pública de Porto Alegre] e me levaram para o Deic, e depois para uma sala e começaram a ameaçar diversos da minha família.”
Último acusado a ser inquirido, Paulo Giovani Lemos da Silva afirmou ser inocente, e disse ter sido pressionado a fazer a confissão do crime. Ele disse que não costumava ter contato com Ilza, e que não teria motivos para mata-la. “É um absurdo”, comentou.
Fonte: G1