Começou na manhã desta sexta-feira (7) o segundo dia de julgamento de três dos cinco acusados pelo assassinato da aposentada Ilza Lima Duarte, 77 anos, ocorrido em fevereiro de 2008, no centro de Porto Alegre. A sessão do tribunal do júri foi retomada às 9h45min, com os trabalhos da defesa.

Os advogados dividiram as duas horas e meia previstas em 50 minutos para cada. Primeira a falar, a defensora pública Tatiana Boeira, que representa o réu Paulo Giovani Lemos da Silva, usou a tese de que seu cliente é um homem comum, honesto e trabalhador e que esses requisitos contrariam o que é imputado a ele:

— Tenho um inocente, um semianalfabeto sentado ali, acusado da morte de uma senhora que só fez o bem — disse.

A defensora usava em diversos momentos o entendimento de que as acusações atribuídas ao seu cliente “desafiam a lógica humana”. Tatiana também citou sinal telefônico para apontar que o porteiro não estaria no condomínio no momento do crime.

Representando Pablo Miguel Scher, o advogado Rafael Soto alegou que seu cliente em nenhum momento participou da morte de dona Ilza e reforçou, em diversas oportunidades, que ele sempre cooperou com as autoridades policiais. Soto também se apoiou no fato de que o cliente — que era auxiliar de serviços gerais do condomínio onde morava a vítima — não teria motivação para matar a idosa e mantinha uma boa relação com ela.

— Ele fazia parte dos funcionários que gostavam dela.

Scher começou a chorar no momento em que o advogado relatava a confissão dele durante a investigação. O choro ficou mais forte quando o defensor citava como supostamente a idosa teria sido atacada até a morte.

Último a falar, o advogado Paulo Dariva, que defende Andréia da Rosa, também seguiu a tese de que sua cliente não teve participação alguma no crime. Ele destacou que o processo é “recheado de preconceito” contra Andréia. Ele reforçou o argumento de que a mulher estaria em casa no momento do crime.

— O laudo pericial diz que o agressor arrumou a cena logo após as agressões. Andréia estava em sua casa — reafirmou.

A sessão ocorreu de maneira calma na manhã desta sexta-feira. Em poucos momentos o promotor responsável pelo caso, André Martinez, discutiu pontos das falas dos defensores. Em algumas situações, a discussão ganhou um tom mais acalorado, mas sem confusão. Na segunda fileira da sala, amigas da aposentada acompanhavam a sessão, balançando a cabeça ou mostrando contrariedade em alguns momentos das falas dos defensores.

A sessão foi suspensa por volta de 12h30min para o almoço e deverá ser retomada por volta das 14h. A tendência é de que o segundo dia de julgamento se arraste até pelo menos o fim da tarde. Depois do almoço, a acusação terá direito de república. Em seguida, a defesa poderá fazer a tréplica. Ainda resta tempo para esclarecimentos de pontos específicos aos jurados.

Fonte: GaúchaZH.